Promovemos no dia 30 de março, em nosso Instagram, um debate sobre gestão de resíduos industriais, com a participação do engenheiro químico, engenheiro de processamento petroquímico e consultor ambiental Eduardo McMannis Torres.

Formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, o conselheiro do CRQ V iniciou o tema explicando o que são os resíduos industriais. A gestão de resíduos industriais é um conjunto de metodologias que visa a redução da geração e eliminação destes materiais, além de acompanhar todo seu ciclo produtivo, evitando danos ambientais.

Torres ressaltou que os resíduos, independentemente da sua origem, são classificados pela NBR 10.004, divididos em dois tipos, perigosos e não perigosos. Este último é subdividido em inertes e não inertes. “Os que mais preocupam, evidentemente, são exatamente os resíduos perigosos. Mas, mesmo os não perigosos que não são inertes também exigem cuidados especiais como os outros. Todos os resíduos que podem ser combustíveis são classificados como não perigosos e não inertes, como por exemplo, papel e papelão. Muitas vezes, há incêndios que são originados a partir desses resíduos”, acrescenta.

O consultor argumentou que os resíduos de comida, apesar de não serem perigosos, podem causar danos ao meio ambiente, quando descartados em local inadequado. “O que movimenta realmente essa massa [resíduos] é o produto perigoso, de diferentes ramos industriais. Eles têm que ser tratados com cuidado, e se mal geridos podem trazer problemas ambientais”.

De acordo com o engenheiro químico, os principais problemas de uma má gestão em resíduos industriais são as contaminações de passivo ambiental, ou seja, do solo e da água, que podem trazer prejuízos financeiros e econômicos para os gestores das indústrias.

Atualmente, uma empresa que encerra suas atividades deve apresentar um plano de passivo ambiental. “Pela legislação, você é eternamente responsável pelo manuseio, armazenamento temporário, transporte e destino final do resíduo. Temos várias ocorrências nas quais os resíduos foram enviados para um determinado local onde houve um problema operacional e ocorreu uma contaminação. Se o aterro ou esse local não tiver condições para resolver o problema, com certeza, serão chamados aqueles que colocaram os resíduos lá dentro”, alertou Torres.

Para uma boa gestão, é necessário ter conhecimento e elaborar um levantamento do que a empresa gera de resíduo e os aspectos de impacto ambiental. Além disso, é preciso verificar o que a legislação obriga a cumprir. “É muito comum se exceder no que as leis exigem. Depois, é preciso executar o plano de ação”.

Economia limpa e logística reversa

Torres disse que os resíduos mais comuns são as borras e lodos das estações de tratamento de efluentes industriais. “As empresas de ponta adotam práticas como produção mais limpa e economia circular. “Tudo que é resíduo um dia foi matéria-prima. O órgão ambiental estabelece que, na licença de operação, o gerador [de resíduo] deve verificar o local onde está sendo descartado o resíduo.”

A maioria dos descartes ainda é feita em aterros, mas já há fornos de cimentos e incineradores ou a compostagem para resíduos biodegradáveis. Para aqueles que geram gás metano, existem ainda as usinas de energia. Na avaliação do consultor, os aterros requerem cuidados redobrados para evitar infiltrações no solo.

Ele destacou a chamada logística reversa, na qual o produto sem utilidade retorna para reciclagem ou reprocessamento. Os ecopontos são uma alternativa, segundo o engenheiro químico, onde o consumidor leva, por exemplo, pilhas, baterias ou lâmpadas – e existe uma coleta e empresas reprocessam esses materiais. “Quando tem um grande valor econômico e facilidade no transporte, como as latinhas de bebidas, é mais fácil o reprocessamento”, comentou.

Respondendo ao questionamento de participantes, Torres fez um alerta quanto ao descarte de medicamentos no vaso sanitário. Segundo o engenheiro químico, as estações de tratamento de água têm dificuldades para eliminar esses fármacos, além de elevar os custos das empresas de abastecimento de água. A melhor maneira de descarte é em farmácias que já recebem remédios vencidos.

Para o engenheiro químico, as energias solar e eólica são grandes avanços na diminuição do impacto ambiental. Ele citou, como exemplo de bom aproveitamento da energia solar, a Alemanha. “É uma questão de cultura e investimento. O Brasil ainda tem pouco aproveitamento”, disse.

Na opinião do consultor, os órgãos fiscalizadores possuem uma boa atuação, principalmente, em acidentes ambientais, emergências, denúncias e reclamações, apesar da carência de recursos humanos.

Em relação ao papel da Química, o conselheiro ressaltou sua importância no cuidado com o meio ambiente. “A Química pode transformar coisas que não são boas. Ela tem uma contribuição grande no sistema analítico. Todo o sistema de gestão é baseado em análises. O resíduo é perigoso se ele for inflamável, corrosivo, reativo, tóxico ou patogênico, por meio das análises químicas”.

Para os novos profissionais da Química, Torres aconselhou a qualificação e a especialização em uma área específica. 

RESUMO PRODUZIDO PELO CONSELHO FEDERAL DE QUÍMICA

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