O mundo dos cosméticos oferece inúmeras soluções para todos os tipos de cabelo. Seja cacheado, liso, ondulado ou crespo. Com certeza, existe um produto para suas necessidades e anseios. Mas será que este produto é seguro? Atenderá de fato aos desejos do consumidor? É certificado pelos órgãos de controle? Pode dar algum tipo de alergia? Estas dúvidas sempre existem e, para falar sobre o assunto, o Conselho Regional de Química da 5ª Região (CRQ V) promoveu uma live, na quinta-feira (20), sobre a Química nos cosméticos capilares.

O palestrante foi o técnico em Química com ênfase em Cosmética, cabeleireiro e educador na área da beleza Cristiano Cunha. Ele trouxe bastante conhecimento teórico e prático sobre o mundo dos cosméticos capilares. Para que se obtenha um melhor resultado com o uso dos cosméticos, ressaltou o especialista, é importante ter conhecimento sobre a Ciência presente em cada formulação.

Cunha explicou que os cosméticos capilares apresentam grau de risco. Os de grau de risco 1 são os hipoalergênicos, que não oferecem grandes possibilidades de causar irritações. Sua composição é mais simples e não altera a forma ou estrutura do cabelo.

Já os de grau 2 são mais complexos e necessitam de mais cuidados, tanto na fabricação quanto no uso. “São produtos que requerem pesquisas mais aprofundadas, técnico responsável e precisa fazer teste no cliente antes de ser usado. É muito importante que o usuário tenha o registro com o número de lote e série para que, se acontecer algo, possa ser rastreado”.

Durante a live, o palestrante explicou os vários processos adotados em salões que são muito populares, mas que necessitam de muita atenção dos profissionais e clientes. Procedimentos como descoloração, botox capilar e progressivas podem oferecer riscos se a composição do produto e os testes de mechas não forem analisados da maneira correta.

Além de várias dicas pontuais no trato dos fios, ele também ressaltou os cuidados que envolvem o uso de cosméticos de grau de risco 2 e a detecção de problemas mais profundos. “Se um cliente deseja fazer determinado procedimento, é essencial que seja feito um estudo sobre aquele fio, uma anamnese e um teste de mechas. Se há muita queda de cabelo, por exemplo, a indicação é que o cliente busque um dermatologista, tricologista ou outro profissional que possa avaliar os motivos da queda, que pode ser ocasionada até por uma patologia”. 

Cunha chama atenção para o risco na indicação de produtos com características farmacológicas sem a prescrição de um profissional da área. “Nada de ‘receitar’ remédios anti-queda ou afins. Preciso pensar que a minha alçada é o processo cosmético. Se envolve fármaco, por exemplo, é outro profissional que vai agir”, esclarece.

O técnico em Química chamou a atenção para as progressivas com formol. “Eu não trabalho com formol. É uma substância cancerígena, e o uso prolongado traz riscos para o usuário, como feridas no couro cabeludo, queda definitiva e vários outros males. Com o tempo até a saúde do cabeleireiro corre risco. Há produtos no mercado que não são recomendáveis, é necessário ficar muito atento à composição”. Ele ressaltou um perigo ainda maior: o uso de progressivas em casa, hábito difundido durante a pandemia. “Como executar o protocolo de um produto que a pessoa sequer conhece? É necessário procurar um profissional capaz de oferecer um produto seguro, que saiba manuseá-lo, e que ele faça um estudo do fio antes da aplicação”, instrui.

Outro fato que merece atenção é a “moda” de buscar receitas de internet para o cuidado com o cabelo, atitude não recomendável devido ao perigo que oferecem e à falta de embasamento científico. Um exemplo é a recente disseminação de uso de ácido acético, também conhecido como vinagre de maçã. “Dizem que sela as cutículas, dá brilho… Mas existem normas da Anvisa que vedam o uso deste ácido no cabelo, pois quando aquecido ele libera uma fumaça tóxica ao organismo”.

Produtos alimentícios ou de cozinha também foram pautados, quando o palestrante pediu que ficassem restritos a seus usos específicos. Ele ainda sugeriu que não fossem utilizadas receitas de fruta ou iogurte. “Imagine que a cutícula do cabelo é tão pequena que nem a ponta de uma agulha de insulina consegue penetrar. O que dizer de uma molécula de abacate com açúcar cristal. Ela vai penetrar? As empresas trabalham muito em tecnologias para dar bons resultados para os cabelos, não precisa se colocar em risco, pois a indústria te oferece vantagens de verdade”.

Segundo Cunha, ter o Registro no Conselho Regional de Química (CRQ) foi um divisor de águas na sua carreira. “Cabeleireiro que tem registro no Conselho tem credibilidade, pois o cliente sabe que é um profissional que tem conhecimento suficiente para executar um trabalho de qualidade com segurança. Desde que obtive o meu registro, a minha clientela mudou. São pessoas que primam por um trabalho de excelência e confiam no conhecimento que você adquiriu”.

Na opinião do técnico em Química e cabeleireiro, os profissionais da beleza devem cada vez mais buscar conhecimento sobre os produtos e formulações. “Se os profissionais da beleza capilar tiverem mais conhecimento da Química, que é transformadora e está em tudo na nossa vida, vão ver o quanto facilita o trabalho. Os clientes e os profissionais correm menos riscos. Teríamos menos quebras de cabelo, emborrachamentos e quedas. E clientes mais satisfeitos, com certeza”.

Assista à live em:

https://www.instagram.com/tv/CPHF4G9isKt/

Resumo produzido pelo Conselho Federal de Química.

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