A Química dos perfumes foi tema da live do Conselho Regional de Química da 5ª Região (CRQ V), na segunda-feira (7), no Instagram. A palavra perfume vem do latim per, que significa origem de, e fumare, que é fumaça. “No Egito Antigo, o cheiro da fumaça era o resultado da queima de madeiras aromáticas utilizadas em oferendas aos reis, processos de mumificação e higiene pessoal. Foi a rainha Cleópatra quem popularizou o seu uso de modo sedutor”, contou a química Mari Terezinha Oliboni Bianco, palestrante do evento online.

Mari é responsável técnica da Fragram Fragrâncias e Perfumes, empresa registrada regularmente no CRQ V, localizada em Gramado, na Serra Gaúcha. Ela iniciou sua carreira lecionando Química, e já atuou como perita nas análises de fabricação de vinhos.

Ao se aposentar, em 1995, começou a se dedicar ao mundo dos perfumes, o que a impulsionou a criar o primeiro Museu dos Perfumes, instalado em Gramado. O espaço possui uma coleção com, aproximadamente, 700 frascos de perfumes de grandes clássicos da perfumaria mundial.

Apresentando a história da perfumaria ao público da live, Mari contou que Napoleão Bonaparte, ao passar pela cidade de Colônia, na Alemanha, durante suas batalhas, conheceu a Casa Farina e encomendou uma água de colônia para a sua esposa Josefina de Beauharnais.

Segundo a química, Napoleão também mandou confeccionar frascos para levar dentro de suas botas. O museu, no Rio Grande do Sul, possui uma réplica desse frasco.

“É um mito que os perfumes se originaram na França. Foi na Itália, em Florença, por encomenda de Catarina de Médici para o seu casamento com o rei Henrique II, da França, em 1547”, diz Bianco. E foi justamente a Casa Farina que criou o Acqua della Regina (Água da Rainha).

Foi a partir do século 20 que a Química “entrou de sola”, relatou Mari. Os componentes orgânicos eram caros. As matérias-primas naturais não tinham estabilidade e foram substituídas por compostos sintéticos.

“Com o surgimento da Química Orgânica, foi possível sintetizar moléculas que não existem na natureza. Os cheiros de baunilha ou da gardênia só podem ser reproduzidos de forma sintética. Os cítricos ainda permanecem como orgânicos”, comentou.

Mari explicou que, além de instáveis, os componentes orgânicos consistem numa agressão à natureza. Para exemplificar, ela falou sobre a matança em massa, no passado, do veado-almiscareiro, animal encontrado na Ásia e do qual se extrai uma glândula que produz o óleo almiscar, antes utilizado nos perfumes. Hoje, esse item é sintético.

Outro componente exótico, usado antigamente, era uma substância regurgitada pelas baleias cachalotes. À época, os pescadores do Mar do Alaska recolhiam esse material para a fabricação de perfumes.

O famoso Chanel nº 5, perfume mais vendido no mundo, nasceu de um erro na dosagem de aldeídos segundo a química. “O erro trouxe o frescor que a estilista Coco Chanel procurava.”

Ela também apresentou as diferenças da colônia e do parfum, que estão na concentração da essência. “As principais fragrâncias no mercado feminino são notas de chocolate e baunilha. Os chipres estão na moda, são modernos como os musgos de carvalho, bergamota e patchouli. São mais florais e cítricos, e trazem mais frescor. Os masculinos [perfumes], até então, eram o fougère. Agora passam a ter notas mais quentes, amadeiradas”, revelou.

Os perfumes são compostos em uma pirâmide olfativa. Na base, encontram-se as notas de fundo, que permanecem por horas. “No fundo, são as últimas notas a se liberarem. No meio da pirâmide, estão as notas de coração, responsáveis por dar personalidade às fragrâncias. Por fim, no topo, estão as notas de saída. Essas notas, de cabeça ou saída, são moléculas pequenas de grande volatilidade”, esclareceu.

Sobre a perfumaria nacional, Mari é enfática ao afirmar que a indústria nacional é reconhecida internacionalmente. “O brasileiro ainda tem essa fixação pelo perfume importado. Não há necessidade de buscar lá fora”, acrescentou.

Confira a live em: https://www.instagram.com/tv/CP1cB4kC55i/

Resumo produzido pelo Conselho Federal de Química 
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