A pandemia do coronavírus trouxe à tona questões importantes relacionadas à higiene, esterilização e cuidados com a saúde. Produtos simples como água, sabão e álcool mostraram-se indispensáveis e de grande eficácia no combate ao vírus. É importante, então, ressaltarmos a importância do profissional da química neste momento. 

A água é um recurso natural e essencial para a manutenção da vida que precisa do tratamento adequado para que chegue de forma potável (própria para consumo, sem cor, sem odor, sem microorganismos patogênicos) às torneiras de cada residência. Apesar de parecer simples, o tratamento do líquido passa por etapas químicas, físicas e biológicas em um extenso processo. Passos como a oxidação, coagulação, decantação, filtração, desinfecção, fluoretação, correção do pH e outros são executados por profissionais da química capacitados para o resultado eficaz. É importante que o tratamento seja feito da maneira correta para que se garanta a segurança de seu uso. Além da água encanada, utilizada na higienização humana, de objetos e superfícies, devemos lembrar da água mineral (enriquecida em sais minerais e que promove benefícios aos seres humanos) e da água destilada (produzida em laboratório com uso de destilador e frequentemente utilizada na fabricação de medicamentos), que passam por processos químicos antes de chegar à sua forma final. 

O sabão, bem como outros domissaneantes como o detergente, a água sanitária, os alvejantes, é forte aliado no combate à COVID-19. São produtos químicos, produzidos em laboratório por profissionais da química com um objetivo: higienizar. Sua ação contra o vírus se dá em função de sua composição química: uma mistura de gordura, água e álcalis ou sal básico. As extremidades das moléculas do sabão possuem cabeça hidrófila e cauda hidrófoba e lipófila. Ou seja, de um lado ela é atraída pela água e pela gordura do outro lado. No processo de lavagem das mãos as caudas das moléculas são atraídas pela gordura e as cabeças permanecem na água. A força de atração entre a água e as cabeças são tão intensas que fazem com que a gordura vá para a superfície e fique cercada por moléculas de sabão que a separam em partículas menores que acabam sendo levadas pela água. Quando o vírus está nas suas mãos ou outras partes da pele ele não consegue penetrar  o organismo, mas pode permanecer lá até ter a possibilidade de entrar no corpo via mucosas mais vulneráveis como nariz e boca. Neste momento, sua intercepção e destruição pode ocorrer com o simples ato de lavar as mãos, soltando o vírus da pele e fazendo com que seu envelope viral se dissolva e suas proteínas e o RNA deslizem, resultando na morte (desativação) do vírus.

Álcool é o nome destinado à função orgânica oxigenada que possua uma ou mais hidroxilas ligadas a um átomo de carbono saturado. Assim como a lavagem com água e sabão,  a utilização de álcool em gel 70% (ideal para ação contra vírus, fungos e bactérias) vem sendo recomendada por infectologistas ao redor do mundo. A ação do álcool, nesse caso, é tão eficaz quanto a lavagem (desativar o vírus presente na pele e superfícies), porém, mais rápida e prática, sem exigir pia ou papel para secagem. Durante a pandemia, muito se falou em receitas caseiras que substituíssem o álcool em gel comercializado. O Conselho Regional de Química da 5ª alerta que estas receitas não são seguras para o organismo humano e devem ser evitadas. Por serem formuladas sem conhecimento profissional podem trazer riscos. O álcool em gel seguro deve ser produzido por químicos graduados e comercializada com todo os critérios necessários de envase, manuseio e armazenamento. Suas fórmulas devem ser reguladas de acordo com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e seus testes devem ser cautelosos para cumprir o efeito prometido. O álcool em gel deve ser passado em toda a mão, dedos e pulso e deve-se esperar que evapore (sem secar ou sacudir as mãos) para que seu efeito seja satisfatório. Ao comprar, certifique-se de que sua graduação alcoólica seja de 70% (nem graduação superior nem inferior), ou seja, 70g de álcool a cada 100g da solução.

Segundo o presidente do CRQ-V, Dr. Paulo Roberto Bello Fallavena, a valorização do profissional da química é imprescindível. “Uma das profissões importantes nesse momento, além das áreas de saúde, é a química. Os profissionais, responsáveis pelo controle e manufatura de produtos de desinfecção e domissaneantes - tão necessários para a vida e principalmente em meio à pandemia - devem estar cientes do valor e importância de seu trabalho.” O CRQ-V agradece a todos seus profissionais registrados e estudantes que se empenham todos os dias na produção e controle destes produtos essenciais. A vida é o nosso principal elemento. 

Topo